Nunca antes a prática em torno dos alimentos e da cozinha havia sido reconhecida assim. Reunido em Nairóbi, Quênia, o Comitê Intergovernamental da UNESCO reconheceu no dia 16 de novembro de 2010 que o jeito de comer dos franceses é, sim, um elemento de civilização.
O interessante é que não se trata de premiar a cozinha francesa como tal, mas a forma como os habitantes do país se comportam à mesa, o seu ritual caracterizado pela sequência de entradas, pratos, queijos e sobremesas, servidos com louças, talheres e taças adequados, com especial atenção à apresentação e à harmonia com os vinhos. E até mesmo a preocupação em distribuir bem os convivas à mesa, com aquelas plaquinhas indicando o nome e o lugar onde devem se sentar. Tudo contribuindo para o prazer de todos e valorizando o que chamam apropriadamente de l’art de la table.
Para a Unesco, isso reflete “um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito pela diversidade cultural e a criatividade humana.” Isto é, a refeição gastronômica estimula o círculo famíliar e consolida os amigos, reforçando os laços sociais.
Jean-Robert Pitte, presidente da Universidade de Paris IV - Sorbonne - e da Missão Francesa do Patrimônio e Culturas Alimentares (MFPCA), fez esta definição: "A refeição gastronômica é parte da identidade profunda do povo francês. Ela existe em muitos outros países. Mas nós temos uma forma específica de gastronomia, com esse casamento de comida e vinho, a sucessão de pratos, esta maneira de pôr a mesa, de falar sobre a gastronomia, que são especificamente francesas".
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